Alguns dias após sua mudança de humor, tornando-se estranhamente saudoso ao admirar Cathy e Hareton, Heathcliff passou então a evitar encontrar os moradores do Morro também à mesa para as refeições. Ceder explicitamente a seus sentimentos era para ele repugnante.
Certa noite, sob o flagra de Nelly, que o vira sair pela porta da frente da casa, Heath decidiu sair para não voltar brevemente, como reparou a criada, que notou a persistente ausência de seu patrão na manhã seguinte. Atendendo às queixas de José com relação a seu jardim, destruído anteriormente por Cathy e Hareton, os primos decidiram por arrumá-lo. Em companhia de Nelly, ambos ocupavam-se de capinar e procurar alguns pés de primavera para servir de guarnição de canteiro quando Cathy retorna com a notícia de que Heath havia regressado.
Ao dar a notícia e menina tinha um ar de perplexidade e incredulidade, já que em seu estado alegre, radiante e de extrema excitação Heath foi capaz de dirigir-lhe a palavra. Mesmo que para dizer que Cathy se afastasse, a ordem foi dita de maneira diferente da habitual, sempre rude e violenta.
Diante da descrição de Catarina com relação ao humor modificado de Heathcliff, Nelly fingiu indiferença, mas em verdade estava tão impressionada quando os outros e ansiosa por verificar a veracidade daquelas afirmações, uma vez que seu senhor com ar feliz não era um espetáculo muito costumeiro.
O encontro com o patrão, que mostrava aparência pálida e trêmula se deu à entrada da porta da casa, para Nelly os olhos de Heathcliff sem dúvidas apresentavam um brilho singular que lhe transformava toda a fisionomia.
A maior curiosidade de Nelly era saber por onde havia andado Heath durante a noite, mas não ousou perguntar, preferiu oferecer-lhe almoço, o patrão deveria estar com fome depois de uma noite inteira sem comer. Negando a oferta de comida que recebeu, Heath desconfia das intenções de Nelly em descobrir o motivo de seu bom humor.
Mesmo que embaraçada com tamanha intromissão Nelly achou oportuno fazer a Heath algumas advertências com relação à inconveniência de passear pela rua a noite em vez de ficar na cama, sobretudo na estação úmida em que se encontravam.
Heathciff responde aos conselhos de Nelly com uma ordem para que o deixe só, nada do que estivesse sentindo ultrapassava sua capacidade de suportar. Com a certeza de que o patrão certamente adoeceria e a curiosidade persistente em saber o que de fato havia ocorrido com ele, Nelly obedeceu sua ordens, deixando-o com estranho ar de euforia e respiração ofegante.
Na hora do jantar, como que querendo compensar o jejum anterior, Heath aceitou das mãos de Nelly um prato cheio, informando que não estava doente ou sentia-se mal, de forma que estaria pronto a aceitar a comida que lhe era oferecida. Já ia começar a comer quando seu apetite desapareceu, fazendo-o levantar e sair para o jardim. Supondo que alguma de suas atitudes pudesse ter contrariado Heathcliff, Hareton decide procurá-lo e informar-se a respeito do motivo de sua ausência à mesa. O rapaz regressou com as negativas de Heath em voltar à mesa. Hareton mostrou-se também surpreso com seu humor.
Primeiramente Heath responde que não teve recebido boas notícias, ao que parecia a fome o fazia bem e por isso deveria permanecer em jejum. Em seguida solicitou a Nelly que providenciasse que a sala da casa ficasse livre da presença de Cathy e Hareton, desejava o cômodo somente para si. Com relação a sua ausência na noite anterior Heathcliff diz que esteve na soleira do inferno, hoje encontrava-se à vista de seu céu, aconselhando Nelly a se abster de espiá-lo caso não queira se amedrontar.
Mais perplexa do que nunca Nelly se retirou, regressando apenas à noite, quando encontrou Heathcliff isolado em seu escuro e úmido quarto. Reparando que este não se mexia, Nelly assombrou-se ao se deparar com sua face extremamente pálida e o sorriso sinistro que estampava seu rosto. A mulher não teve coragem de voltar ao quarto com as velas que deveria levar, transferindo essa atividade a José, que voltou quase que imediatamente trazendo consigo além das velas também a ceia que lá estava, uma vez que seu patrão iria deitar-se e não necessitaria de nada daquilo.
De fato Heathcliff foi deitar-se, mas não em seu quarto habitual, optou por se dirigir a um quarto de janela larga o suficiente para que se passasse uma pessoa. O comportamento cada vez mais estranho de Heath fez Nelly buscar cada vez mais explicações as quais nunca foram encontradas.
Nos sonhos de Nelly a morte de Heathcliff e seu funeral já eram constantes, sendo inscrito sobre seu túmulo apenas o nome Heathcliff, já que não possuía nome de família.
Depois da conturbada noite, em que a morte de Heath foi clara em seus sonhos, Nelly acordou para ser testemunha de uma manhã comum. Informou a Catarina e Hareton que não esperassem Heath para almoçar e providenciou que fizessem a refeição fora da casa, onde armou a mesa para ambos.
O encontro de Nelly com Heath se deu dentro da casa, quando este tratava com José de assuntos relacionados a sua herança. Quando ficou a sós com o patrão Nelly mais uma vez ofereceu-lhe a refeição, que novamente foi recusada.
Depois de tentar mais uma vez fazer com que Heath comesse, Nelly foi ordenada que o deixasse isolado na sala, de onde escutou além de suspiros palavras sem nexo proferidas pelo patrão, a única coisa inteligível aos ouvidos dele Nelly era o nome de Catarina, ligado a algum termo de apaixonado e sendo proferido como se dirigidos a uma pessoa viva.
Um barulho provocado por Nelly faz chamar a atenção de Heath, que imediatamente se dirigiu a ela solicitando que lhe fosse providenciado luz. Enquanto explicava que precisaria providenciar alguma brasa, Nelly recebe a solicitação de que buscasse o advogado para tratar de algumas questões relativas a seu testamento enquanto ainda tinha condições para isso. Nelly o repreende, dizendo que não havia necessidade para tratar desses assuntos para já, afinal Heath gozava de boa saúde, seu estado frágil devia-se apenas a sua insistência em não alimentar-se durantes os últimos dias.
Dizendo isso o pedido para que Heathcliff se alimentasse e descansasse é feito mais uma vez por Nelly, mas ele informa que apesar de ter consciência da necessidade de se cuidar não era por sua culpa que não o fazia, era preciso antes que antes alcançasse a margem que buscava.
Nelly fala a Heath sobre seu afastamento dos preceitos religiosos e sugere que alguém relacionado a esses assuntos o visitasse a fim de mostrar-lhe como tomar o rumo certo a esse respeito. A idéia de receber alguém que lhe encaminhasse nesse aspecto não foi considerada por Heath, mas o assunto lhe fez pensar sobre seu enterro, que segundo pediu a Nelly, deveria ser a noite, acompanhado por ela e Hareton se desejassem, não sendo necessário que fosse dita palavra alguma em sua memória, a única garantia que desejava era a de que fosse enterrado no terreno da igreja, nem que para isso fosse preciso transportar seu corpo secretamente.
A noite que se seguiu foi particularmente úmida, chovendo torrencialmente até o amanhecer. Percebendo que a janela de Heathcliff encontrava-se aberta Nelly decide ir ao quarto verificar, quando encontra estendido ao chão o corpo de seu patrão. Estava morto. Mesmo nesse momento, em que o sangue já não lhe corria nas veias sua expressão era sinistra, tinha o ar zombeteiro ainda em sua expressão.
A reação de José foi a de agradecimento por ter o patrão legítimo (Hareton) finalmente o direito de assumir a propriedade que lhe é de direito. Nelly senti-se aturdida por uma opressiva tristeza e Hareton foi verdadeiramente o único que sentiu a morte de Heathcliff, passando a noite ao lado de seu corpo chorando sinceramente a perda daquele que tinha como pai, apesar de tudo.
A causa da morte de Heathcliff não se soube ao certo e seu enterro se deu da forma como desejava, para escândalo da vizinhança. Hoje muitas pessoas juram ter visto o fantasma de Heath e uma mulher caminhando pelos campos.
Considerando todo o ocorrido no Morro dos ventos uivantes, Cathy e Hareton decidiram morar na Granja logo depois de seu casamento, para felicidade de Nelly. A propriedade do Morro ficaria sob os cuidados de José, que moraria na cozinha enquanto o resto da propriedade ficaria fechado.
O regresso de Lockwood à casa que ainda era de sua propriedade foi alongada por uma passada pela igreja, a qual observou estar decadente. Procurou e logo encontrou as pedras dos túmulos que ouvira Nelly falar em suas narrativas, a de Edgar ao meio coberta por musgos, a de Heathcliff ainda nua, aguardando os efeitos da natureza. Naquela terra tranqüila Lockwood não pode imaginar que os mortos vivessem de outra forma que não em paz.
E com isso chegamos oficialmente ao fim do nosso primeiro Clube do livro da “Sociedade das Volupiosas bem vivas”. Conforme informado, selecionaremos cuidadosamente a próxima obra, buscaremos algo mais dinâmico a fim de promover mais interação de todos, continuem mandando sugestões, adoramos e estamos anotando todas!
Quando ao fim do livro tudo correu bem, né? LINDO Cathy com Hareton, cantamos a pedra desde antes, lembram? Em toda a sua complexidade de sentimentos e obedecendo suas características obra clássica, “O Morro dos Ventos Uivantes” é uma história que merece ser lida, esperamos que a sequência de posts de alguma forma tenha despertado esse interesse em vocês, essa é a grande intenção de tudo.
Mais beijos culturais pra vocês, até logo com mais leitura!
Babi, Kha e Ju.
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