terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Direito ao Foda-se!

Bem, como blogueiras temos quase a obrigação de passar a vocês as coisas boas que nos deparamos na internet. Esse texto eu já conheço há algum tempo e ninguém sabe ao certo quem o escreveu.

Uns falam ter sido Millôr Fernandes, outros Arnaldo Jabor ou Pedro Ivo Resende e há até mesmo aqueles que dizem ter sido o Veríssimo. Nada é confirmado, apenas sabemos que esse texto existe e quem o escreveu traduziu em algumas palavras o sentimento de várias nações:

O DIREITO AO FODA-SE

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala (tenho certeza que isso pode ser cientificamente e estatisticamente provado).
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima (joguem fora os seus livros de auto-ajuda, eles não resolvem nada!), me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta (Resumindo, depressão é um caso clássico de foda-se contido).

"Não quer sair comigo? Não? Então foda-se! (Quem perde é você!!)".
"Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituiçao Federal (do ladinho com o direito à liberdade, afinal, o foda-se liberta!).



Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos (não há palavras no mundo capazes de descrever tão bem um sentimento quanto um palavrão bem empregado).

É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Prá caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Prá caralho"?
"Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via-Láctea tem estrelas Prá caralho, o Sol é quente Prá caralho, o universo é antigo Prá caralho, eu gosto de cerveja Prá caralho, entende (ai gente, este texto é minha cara! Eu gosto de cerveja pra caralho também!)?



No gênero do "Prá caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo (também referido como "Nem fudendo". A troca do "o" pelo "u" é feita graças a liberdade poética de expressão)!" O "Não, não e não!" é tampouco nada eficaz e já sem nenhuma
credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem.
O "Nem fodendo!" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida (sair com os amigos, tomar uma, ficar papeando na internet, coisar, coisas desse tipo).

Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro prá ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Danielzinho (acrescente aqui o nome do seu filhinho), presta atençao, filho querido (acrescentar toda a ironia que tiver no coração), NEM FODENDO (falar enfaticamente com conotação de finalização)!".
O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
(Em homenagem à Kha: aquele cliente pau no cu filho da puta liga dizendo que vai chegar de meio dia e você está com uma fome do caralho. Ele pergunta se você vai esperar, o que você responde????? Hein? Hein? NEM FUDENDO!)

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional (nem pessoal).

Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PHD porra nenhuma!" ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!".
O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha (pra quem viu a recém denúncia dos títulos de uma certa ministra: é mestre PORRA NENHUMA!).

São dessa mesma gênese os clássicos "aspone" (aspirante à porra nenhuma), "chepone"(chefe de porra nenhuma), "repone" (responsável de porra nenhuma) e mais recentemente o "prepone" - presidente de porra nenhuma. (tem o clássico para o esposo autoritário: você acha que é você quem manda aqui? Você não manda em PORRA NENHUMA!)

Porra nenhuma também pode ser utilizado como antônimo de Pra Caralho. Ex: Final de mês quanto resta de dinheiro na sua conta? Porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou seu correlato "Pu-ta-que-o-pa-riu!!!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba (lentamente, mas com a devida força empregada)!.

Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo.
Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça (Contar até 10 jamais causará em você tal efeito, não se iluda).

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!" (ainda podemos ser mais precisos: "vai tomar bem no meio do olho do seu cu".).

Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável (Pense naquele vizinho que todo dia às seis da manhã te acorda ao som de "Você não vale nada mais eu gosto de você"), se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai tomar no olho do seu cu! (de preferência com o cuidado de fazer com a mão o gesto equivalente à frase)".




Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoe a camisa e saia na rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios (Do tipo: fudi com a alma do canalha).

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu (no Nordeste referido como: Fudeu)!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez! (existe ainda o: Agora fudeu!)".
Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?



Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa (aquele negócio: Fudeu, tô na merda. O que devo fazer?). Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar:
O que você fala? "Fodeu de vez! (caso você queira utilizar o "NEM FUDENDO", quando o policial pedir para você fazer o bafômetro, te advirto logo que você vai estar fudido PRA CARALHO!)".

Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!!

Gostaria apenas incluir nesse texto a expressão "pau no cu" e seus derivados (paunocuzisse e pau no cu do caralho).

Vamos a aplicação: Como vocês descreveriam a Aná e a Naiá? Ou vocês, fãs de Twilight, como descreveriam a Summit e suas proibições absurdas?

- Chata? Vocês estariam cometendo o erro de hiperbolização da palavra chata!
- Insuportável? Dizer que Aná é "insuportável" é um eufemismo descarado.

Vamos lá, o que elas são? Abram seus corações e gritem comigo:

- Um bando de pau no cu!

Exato!

Aprenderam? Vamos as aplicações!

Situação 1: Domingo a tarde, todos os seus amigos viajaram, seu namorado te deixou, sua TV pifou, a internet está fora do ar, você está entendiada, o que se tem pra fazer para se divertir?



Resposta: Porra nenhuma.

Situação 2: Sexta à noite, você está trabalhando desde as sete da manhã e olha para sua mesa. Descreva o que você vê que ainda tem que fazer.



Resposta: Muita coisa? Bastante coisa? Errado, Coisa PRA CARALHO!

Situação 3: Duas imagens, uma resposta: o que o gato e o cara abaixo estão dizendo?





Resposta: Fudeu!

É isso aí gente! Termino o post com a seguinte filosofia:

Ligue o foda-se e seja feliz!



Para quem gostou do assunto, recomendo esse vídeo do Nós na Fita:



0 comentários: