quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Bom dia ronronante

Hoje quando acordei, meus lamentos por ter que levantar àquela hora (07:00 da madruga) e os xingamentos a mim mesma por não aprender a dormir mais cedo (culpa das meninas, ficam me prendendo no msn) foram totalmente amolecidos por um corpinho gordo dormindo a meus pés: uma das minhas gatinhas. Acordar na companhia de um bichinho tão amado me transmite uma alegria tão grande que qualquer chateação fica irrelevante e a vontade de agarrar e dar bem muito beijo é incontrolável, cheirei tanto a cabecinha dela que acabei fazendo meu bebê a se mudar para o sofá da sala (menos de 41 segundos depois já estava em sono profundo novamente).


Depois que eu tomo o banho despertador (ainda estou com sono) é a vez da minha outra gordinha me fazer companhia à mesa para o café da manhã (me reservo ao direito de acreditar que é porque ela me ama, mas eu sei que os olhinhos dela seguem fervorosamente a manteiga), eu como a coisa rápida que der tempo e estômago pra ingerir e ela ganha leite ou iogurte (às vezes dou um pouquinho de manteiga escondido, mas não falem pra ninguém, segredo!).

Então, aproveitando essa linda manhã ronronante, trago pra vocês um texto que eu amo de um site maravilhoso que eu tenho o maior prazer em divulgar aqui no blog, o Beco dos gatos, um cantinho mais do que lindo, desenvolvido pela médica veterinária Rejane S.B. Melki, vale a pena começar o dia conferindo.


ODE AO GATO – ARTUR DA TÁVOLA

"Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece (amor seletivo, isso mesmo).O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis (os gatos são ‘os caras’ do mundo animal).


Lembrei, então, de dizer dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo? (ou Dumbledore, quem sabe).

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! (uma vez comprei uma coleira tão linda e rosa na ilusão de por nas minhas gatas e sair pra passear... capaz mesmo de usarem! Ahahaha o máximo que consegui foi que se enroscassem nela pra se coçar. Mas não que eu seja um pilantra, claro, eu queria apenas que elas se exercitassem, pena que são mais preguiçosas que três de mim e olhe que isso não é pouca coisa! Não mesmo!)

Ela quem se produziu assim gente, tenho nada com isso, fazer o que se minha gata tem glamour?

Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo (elefantinhaaa *_*). O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso (isso, isso, isso! Não me venham com conversa de que gato é safado, traiçoeiro que eu esgano! Mentira, eu ignoro, mas por dentro com certeza penso em esganar).

"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.

Olha minha cara de boazinha pra falsidade!

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho (ai, esse negócio de espelho me lembrou um ser de frases feitas que não vou nem lembrar...). O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige (queria agarrar as minhas nesse momento).



Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês (ai, vou ensinar minhas gatinhas a miar com sotaque inglês! Ta, Babi, eu deixo você amá-las depois de ensinadas).



Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver (aquela história de que ‘bicho sente’, sabem?). Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado (owoooo, que lindaaas as minhas). É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.




O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós) (as minhas são valentes na solidão, mas bem que viram a cara quando todo mundo volta depois de um tempo fora, são sentimentais). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali". Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir (só sei que ronronos são lindos e felizes).O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber. Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.
O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato (adoro admirar os felinos lavando suas cabecinhas, tão lindo passando as patinhas lambidas *_*)!


Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga...

Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo (não consigo não tirar foto de cada posição que minhas gatas inventam de dormir, são umas artistas!)




O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo.Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.


O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem."


Então, pessoas queridas, vamos despertar o gato que existe em todos nós?
Beijos de bom dia ronronante pra todos vocês:*


Créditos das fotos: Ao site linkado, ao autor genial do texto e a todo mundo da minha casa, que tira dezenas de fotos das minhas lindas por dia e as modelos mais fofas, minha Tês gôda e minha Digg pêta que eu amo tanto ♥

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